Larva migrans cutânea, chamado de bicho geográfico, é um parasita presente no intestino e nas fezes de cães e gatos que se hospeda na pele de seres humanos, causando irritação e muita coceira.
A Larva migrans cutânea, conhecida popularmente como bicho geográfico, é um dos parasitas de pele que retiram do organismo humano os recursos necessários para sua sobrevivência. Esse parasita das espécies Ancylostoma caninum e Ancystoloma brasiliensis, presente no intestino e nas fezes de cães e gatos, provoca uma dermatozoonose que produz irritação e muita coceira no local da lesão.
Existe um tipo semelhante de larva, a Larva migrans visceral, que também tem como hospedeiros naturais cães e gatos. As espécies mais comuns são a Toxocara canis, a Toxocara leonina e a Toxocara cati , que podem ser transmitidas pela ingestão de água e de alimentos infectados por larvas ou ovos desses parasitas intestinais. No corpo humano, esses ovos eclodem e liberam larvas, que caem na corrente sanguínea e atingem outros tecidos e órgãos, provocando uma doença chamada granulomatose larval.
O ciclo de vida dos parasitas intestinais, que dão origem à Larva migrans cutânea, começa quando os cães e gatos ingerem o verme em sua forma adulta junto com água ou alimentos contaminados. Ou, então, quando as larvas presentes nas fezes dos animais infectados se aproveitam de ferimentos na pele para penetrar no organismo do novo hospedeiro. É nos intestinos desses animais, que as larvas encontram campo fértil para reprodução e passam a eliminar os ovos dos vermes junto com as fezes.
Encontrando condições favoráveis de calor e umidade para sua evolução, os ovos eclodem e liberam as larvas no solo, que se alimentam de bactérias, enquanto completam as fases evolutivas até se tornarem infectantes para os humanos e outros animais.
Nos cães e gatos, a transmissão pode ocorrer de um animal para outro por via oral, cutânea ou através da placenta.
Nos humanos, a infecção se dá pelo contato direto com as larvas infectantes existentes no solo contaminado por fezes de animais. Elas se aproveitam de um ferimento ou perfuram a pele para penetrar no organismo humano. Isso feito, começam a deslocar-se pelo tecido subcutâneo, abrindo verdadeiros túneis inflamados, o que lhes confere aspecto semelhante ao contorno de um mapa. Daí, por analogia, os nomes bicho geográfico ou dermatite serpiginosa para identificar a doença, que acomete especialmente as crianças e pode desaparecer espontaneamente do organismo depois de quatro a oito semanas a contar do início da infecção.
Não existe transmissão da Larva migrans cutânea de uma pessoa para outra. Embora a contaminação seja frequente nas praias onde cães e gatos circulam livremente, o parasita pode proliferar, desde que encontre as condições adequadas, em qualquer lugar onde esses animais depositem as fezes contaminadas. Por exemplo: gramados, tanques de areia em parques e escolas para recreação, quintais dos domicílios, resíduos de construção, quadras de esporte.
Em geral, o primeiro foco da infecção ocorre nos pés ou nas nádegas, mas pernas, braços, antebraços e mãos são outras partes do corpo que também podem abrigar o parasita, que tem predileção pelas regiões tropicais e subtropicais.
SINTOMAS
O primeiro sinal da infecção é o aparecimento de um ponto vermelho e saliente no local por onde a larva penetrou. Os outros – coceira intensa que piora à noite, linhas tortuosas e vermelhas, inchaço, formação de pápulas eritematosas, sensação de movimento debaixo da pele – podem demorar de minutos até semanas para manifestar-se. Enquanto isso, a larva permanece como se estivesse adormecida sob a pele. Quando começa a movimentar-se, a lesão progride cerca de 1 cm por dia no tecido subcutâneo, uma vez que a larva não consegue atingir os intestinos do doente, como ocorre nos cães e gatos.
Embora raros, há casos da doença sujeitos a complicações, porque as larvas eliminam toxinas que podem causar quadros graves de alergia, tosse e falta de ar.
TRATAMENTO
Em alguns poucos casos, a Larva migrans cutânea dispensa tratamento específico, porque as lesões desaparecem espontaneamente. No entanto, não está afastado o risco que possam reaparecer tempos depois.
Na fase em que a infecção está ativa, a aplicação de gelo sobre a lesão na pele ajuda a aliviar a coceira e a diminuir o edema. De maneira geral, está estabelecido que a baixa temperatura ajuda a matar a larva. Por isso, há quem defenda o emprego de neve carbônica (gelo seco) e do cloreto de etila como alternativa terapêutica nas infecções pelo bicho geográfico.
Nos outros casos, dependendo do estágio da doença, o tratamento da infecção por esse parasita intestinal pode exigir a indicação de medicamentos anti-helmínticos e antiparasitários sob a forma de pomadas ou comprimidos.
Como anti-inflamatórios e antibióticos são medicamentos necessários quando as lesões dermatológicas provocadas pela migração das larvas são extensas e apresentam sinais de infecção, é necessário se consultar com um médico.
Depois de dois ou três dias de iniciado o tratamento, o paciente começa a sentir a melhora dos sintomas. No entanto, a orientação médica deve ser seguida à risca e a medicação mantida até que a infecção esteja completamente debelada.
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